Entre mortos e feridos, amigos virtuais viraram reais

Francine Machado De Mendo
3 min readDec 3, 2021

Lá nas escolas em que dou aula, brinco que nos metemos na Caverna do Dragão, vemos o recesso numa luz do fim do túnel, cantamos para acabar o desenho, mas as peripécias antes das férias não têm fim. O clima de que o tempo de todo mundo voa, mas na área pedagógica se arrasta já inviabiliza falar em “lado bom da pandemia”. Mas teve lá suas “surpresas bálsamo”, digamos assim.

Como hiperativa de carteirinha, durante 1 ano e 4 meses “maromeno” presa estudei quase até que tomassem o computador e o celular de mim. Como vou muito atrás de pesquisar o que amo, terminei por cruzar online pessoas que tornaram a travessia da quarentena mais leve. A primeira foi a prima/ professora @ritamariarirri: nos emocionamos com música afro brasileira, acompanhamos nos olhos uma da outra o encantamento com estudarmos e adorarmos a mesma musicalidade e do home office para cá senti até que as yabás nos abençoaram. Foi uma empolgação juvenil conhecê-la no Parque da Aclimação e desde então esperamos ansiosamente pelo meu pic nic de niver para nos revermos…

Estudando, ouvindo e escrevendo dramaturgia pelo Zoom, foi a vez de trocar tanto com @andreia.leon a ponto de fazermos um estudo satélite de branquitude, trocamos “trocentas” impressões da educação, já que ela atuou na várzea educacional no interior e mais recentemente, nos encontramos para ela me ajudar com gastrite e intestino temperamental pela empreitada dela @flordelaranjeira_quitutesvegan. Um dos cachorros dela me estranhou, mas me deliciei com as comidinhas que faz, o gatinho que também tem e sigo com vontade da gente se rever (muito embora com os pacová cheio de gente na educação, nas horas vagas quero nada e nem ninguém perto — risos nervosos).

Da vivência em pedagogia griô à formação com os criadores Marcio e Lillian Pacheco, criadores da @pedagogiagrio, assisti @bitta_bardo narrar sua história no último Encontro EAD dessa pedagogia estética e decolonial. Me tocou ela se emocionar e se desculpar retomando sua história. Seguimos em contato pela Internet: educadoras, artistas e pesquisadoras, trocamos de um tudo: de cursos a ideias de aulas, de desabafos a revoltas, de convites a fotos e comemorações. Há pouco tempo cruzei a cidade para o aniversário dela — mas com carona pra uma parte do caminho na moto do marido e um único trem, não é que foi rápido? Quando dividi com meu marido tudo que acompanho ela fazer, ele já percebeu: “é sua alma gêmea”! E como educadoras inquietas que somos, temos mais reconhecimento fora de nossas redes do que dentro delas. Ou seja, nossa exaustão e como estamos desgostosas é legítimo.

Há um semestre no mestrado, tenho escrito, dado risada, trocado ideias e tirado dúvidas com a professora, atriz e pesquisadora @alinecezarone. Com alguém ali tinha que ser fácil desabafar, falar sem medo de ser feliz e subir no palanque que tenho na garganta. Ainda não conseguimos cruzar agendas, mas quem sabe nas “férias detox escolares”? Nesta mesma formação puxada que só, tenho partilhado ideias, dúvidas, vontades, sonhos e bode com @maripontronieri. Com ela também ainda não consegui agitar um café, mas a visita dela para Sampa no fim deste interminável ano me deixa esperançosa num encontro pela metrópole paulistana…

Esperança não é bem o que me move em direção ao recesso e às férias. Estou feito soldado se arrastando entre uma trincheira e outra. Só me resta torcer para chegar à viagem com o marido sem estragos mais preocupantes.

Ouvi um “continue a nadar” como pano de fundo?

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Written by Francine Machado De Mendo

Brincante,professora de artes na EJA escritora,"gateira",contadora de histórias,nadadora viajante,escritora, macumbeira,pesquisadora e batuqueira.

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