Só Por Hoje!
Já estou há dois períodos e meio sem derivados de leite. Só por hoje! Comi duas unhas. Espero que a gastrite me perdõe… Comer na rua tem sido um pouco mais brochante desde então. Só fiz isso uma vez, mas foi marcante: passei bastante vontade com a vitrine inteira para poder comer um lanche de cogumelos e berinjela e suco de uva. Quase pedi um chá de alho pra matar lombriga. Não posso dizer que parte das minhas reclamações com a médica já não tenham melhorado. E não se foram nem 24hs heim? Desconfio que só poderei comerei perto da civilização. No meio do mato não tem nem comida sem carne, imagine sem leite, manteiga, requeijão ou iogurte. Não, não é classismo. Eu também moro no meio mato. Porque? Quando a gente sai planeja logo emendar e fazer umas três, quatro coisas seguidas porque o transporte é quase sempre sofrível. Mas deixa eu voltar “à vaca fria” porque estou sem óleo CDB para o TDHA e sem fitoterápico sou uma roleta russa de prosas aleatórias. Como diz meu marido ainda estou em detox porque preciso terminar os Yakult e Sofil que ele não toma. É contra minhas religiões desperdiçar comida. Sim, eu já enfiei o pé na jaca com isso, mas veja só eu já esnobei a Tupperware de mussarela na geladeira. Os veganos têm razão: os fabricantes põem uma espécie de morfina no queijo e viciam a gente. Minha tia de Curitiba fala que se ver criança com chocolate branco no meio da rua corre atrás e toma. Falei pra médica ontem que se deixarem parmesão à vontade na minha frente eu como até minha ruína. Sempre concordei com os vegetarianos que não é possível que precisemos de bebida e alimento com matéria prima produzida para outro filhote de mamífero, mas tirar assim de supetão é muito bruto. Por isso vim aqui pro Lactólogos Anônimos. Os naturebas estão certos: vivemos numa sociedade lactocêntrica e botamos derivado de leite em tudo, é um exagero, parece com almoço ou jantar no interior, para que enfiar carne “até no suco”? Não sei mais como viajarei sem comer carne e nem derivado de leite. Claro, posso visitar lugares turisticos com pousada e restaurantes de gringos. Só não sei como meu bolso pedagógico lidará com isso. Ah sim preciso respirar…
[…]
Meu marido falou que ia me acompanhar nesta dieta deprê. Falei que não, imagine, não valho esse corte alimentar por parte dele. Sábado vêm amigos em casa, disse que não tinha pensado em comida, mas agora melhor fazer esse planejamento. A médica deu as mesmas orientações que passa para outros pacientes alérgicos até a tampa feito eu
- Sai com os amigos e pede prato com calabresa, frango, peito de peru…
E eu só pensava que não gosto de carne vermelha e embutidos. Cortar esses foi até fácil, vi um documentário e tirei há 19 anos, talvez porque já não fosse nenhuma fã ardorosa. Agora derivados de leite já cansei de ver filme denunciando os abusos nonsense de animais, mas sempre senti que sem acompanhar a baixaria numa fazenda, não cortaria fácil — mas até parece que o povo escroto do agro deixaria né? Dai vem a vida fanfarrona e agora vamos cortar tudo no cassete! A médica explicou que meu problema não era a lactose como um gastro me falou há anos e só recomendou tomar uma enzima antes de enfiar o pé na jaca. Minha questão é com a proteína do leite, então bora parar com essa palhaçada de cardápio me boicotando. Suspirei sem perder minha veia tragicômica:
- É muito triste uma vida sem queijo!
Bom, eu e meu companheiro já encontramos uma esfiharia em que achei duas opções sem queijo e carne. “Glorifica de pé”! E fica perto! Ao menos comecei a exercitar minha porção Poliana quando ela falou que só libera pra comermos a dieta proibitiva no aniversário, Natal, Ano Novo e vésperas. De imediato já pensei “ah que bom que comi até os alimentos fazerem fila na garganta no fim de ano”! Ainda aprendi a me consolar “podia ser pior, ainda bem que não é problema com glúten”. Quer dizer… Tem porcaria alimentar que nunca nos enfastiamos né? Matei a saudade de quase tudo nos reencontros familiar e com amigos no fim de 2022. Manteiga e sorvetes chocolatentos nunca nos empaturramos o suficiente. Terei que voltar a ressuscitar o modo doida das comidinhas alternativas a tiracolo…
[suspiro dolorido]
E vocês como têm lidado com suas abstinências? Desculpe o monólogo. Foi quase um livro né? Quer autógrafo? Só por hoje! Toma aqui o bastão imaginário da fala…
P.S.: meu laptop está i, por isso o acúmulo de bizarrices ortográficas…